quinta-feira, 8 de novembro de 2007

FAS - FÓRUM AMAZÔNIA SUSTENTÁVEL



Mary Alegretti


http://maryallegretti.blogspot.com/



UMA COLIGAÇÃO ORIGINAL E INFLUENTE

Está se formando uma coligação - Fórum Amazônia Sustentável - que pode influenciar o futuro da Amazônia. Seus membros vêm da sociedade civil, do setor privado e dos movimentos sociais e a missão é "mobilizar lideranças dos diversos segmentos da sociedade, promovendo o diálogo e a cooperação para construir e articular ações visando uma Amazônia justa e sustentável".A comissão executiva é formada por: Instituto do Homem e do Meio Ambiente [Imazon], Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social; Instituto Socioambiental [ISA], Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro [FOIRN]; Fundação Avina; Fundação Vale do Rio Doce; Grupo Orsa; Grupo de Trabalho Amazônico [GTA] e Projeto Saúde e Alegria. O patrocínio é do Banco da Amazônia, Alcoa, Fundação Vale do Rio Doce, Natura, Grupo Orsa e Suzano.O evento de fundação e lançamento está sendo realizado esta semana em Belém (PA) e o Forum será lançado oficialmente amanhã com a presença de autoridades e a imprensa.Alguns pontos:1. Existem, certamente, transformações em curso ou já efetivadas na direção da sustentabilidade, nas empresas participantes, que as credencia para criar o forum. No entanto, é preciso que o FAS se dedique a criar um conjunto de indicadores e um sistema de monitoramento para seus membros. A transparência nesse monitoramento é fundamental. Afinal, ONGs e movimentos sociais, com longa história de lutas e conquistas, estão dando um aval e podem contribuir muito nas práticas das empresas. O diálogo é fundamental e ele pode trazer excelentes resultados se for baseado na confiança mútua e no reconhecimento de que muito é preciso ser feito para se ter um padrão social e ambiental adequado na Amazônia.2. Em si mesmo o FAS já é um espaço de inovação relevante. Dedicar um tempo para conhecer os projetos, os desafios, as expectativas, das instituições que dele fazem parte hoje, já seria uma agenda com grande potencial. Afinal, a partir do conhecimento acumulado ali mesmo, naquelas organizações, já é possível ter um agenda bastante propositiva de mudanças na Amazônia. Investir em seminários de troca de experiências entre os membros, antes de abrir para novos, pode ser um exercício importante.3. Outro aspecto interessante é a agenda em si mesma. Enquanto o governo está pressionando a área ambiental para que facilite a expansão do agronegócio, dos biocombustíveis, das obras de infra-estrutura, fazendo o MMA se concentrar quase exclusivamente na agenda punitiva e coercitiva, a sociedade civil nada a passos largos em outra direção. Estas iniciativas podem vir a se completar no futuro, mas é bom que andem em paralelo nesse momento. A existência de uma certamente é condição para a existência da outra.4. Piloto e escala. Será que esse esforço vai começar a romper a barreira do piloto e conseguir a escala tão desejada da sustentabilidade? Precisamos apostar que sim. Durante o PPG7, a maior experiência piloto na Amazônia, a crítica dos doadores era a falta de articulação com o setor privado. Também, havia uma certa escassez de bons parceiros no passado. Hoje, estamos vendo que é possível.5. Por último, também acho interessante os membros do FAS reconhecerem que estão em processo de mudança em direção a práticas sustentáveis e definir um patamar mínimo a partir do qual a inserção de novos membros será aceita. É preciso saber quais são os critérios de inclusão, quem pode e quem não pode participar. Ampliar, ganhar novos adeptos, consolidar sua influência na região é fundamental. Mas não basta ter um discurso novo e manter práticas arcaicas. E para isso acontecer é fundamental que as empresas que têm seus negócios baseados na exploração dos recursos naturais regionais (madeira, minérios, biodiversidade, agricultura) se disponham a construir essa agenda de mudanças

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